sábado, 27 de agosto de 2011

...Menininha...

Que fim levaram todos os brinquedos
da menininha que brincava a sós?
Quem destruiu tantos arvoredos
com seu machado gélido e feroz?


Onde morreram todos os segredos
Que em si guardavam uma história atroz?
Quem pôs à mostra todos os degredos
Que se ocultavam, que não tinham voz?

Ó , menininha, volta para os sonhos,
apaga os rostos falsos e risonhos
que tanto ferem me trazendo espanto.


Retorna e aquece um pobre coração,
dá-lhe aconchego e santa compaixão.
Traz-me de volta a luz do teu encanto !


(_Sílvia Shimidt_)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Lembrando nosso sonho...

Faz tempo...tanto tempo...
você falou que seria militar,
que iria pro quartel...
E me trouxe de presente
uma boina de papel...

A gente era criança...e sonhava,
(como a gente sonhava !!!)

Mais tarde, me trouxe um pequeno barco,
todo colorido, desenhado numa folha azul,
como se fosse o mar...
Disse que com ele,
atravessaríamos todas as fronteiras,
viajaríamos pelo mundo todo,
e beijando meu rosto, prometeu-me a felicidade,
aquela, que dizem os poetas, dura a vida inteira...
.......Mas...
Tudo passa...e o tempo passou, passou...
Mas nós ficamos : cada qual no seu canto...
_á sós, sem nós...
.....Depois...
Não mais te vi...
Nossos olhos não mais se encontraram,
e os sonhos, também passaram...
_á sós, sem nós...
Só hoje compreendo que jamais chegaríamos
ao prometido porto da felicidade
e que havia um só motivo para isso :
_o barco você que me deu...era de papel...
e ele se foi á deriva...
_á sós...sem nós...

(_Rosali*Pironi_)



Assim vou...

Dobrando minhas esquinas,
Aguçando meus sentidos...
Escrevendo meus poemas,
Criando meus laços,
Apertando meus nós
Alimentando minhas fantasias
Aperfeiçoando meus traços,
Aquietando minh'alma,
Curando minhas feridas
Desviando as pedras do meu caminho,
Admitindo meus erros,
Ateando minhas velas,
Traçando minhas retas,
Vasculhando minhas gavetas,
Ostentando meus amores,
Engrandecendo meus sentimentos,
Apurando meus gostos,
Amadurecendo minha vida.
Eu vou...

(d.a.)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES PE RAN ÇA...

(_Mário Quintana_)


Se, ao acordar, posso escolher uma roupa,
posso escolher também o sentimento
que vai vestir meu dia.
Se, no percurso, posso errar o caminho
posso também escolher a paisagem
que vai vestir meus olhos.
A mesma articulação que tenho para reclamar,
tenho para agradecer.
E, se posso me adornar com a alegria,
não é a tristeza que eu vou tecer.
Que hoje e sempre, seja mais UM BELO DIA!

(__Marla de Queiroz__)

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol.
Do que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor de sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem em mim:
Se estava virada para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assento sobre os mesmos pés,
A mesma sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...




Prece...

Que eu não amarre o potencial das relações
Nos compartimentos do meu raciocínio frio.
Que eu não regule nem limite as interações
Aos alcances do meu calculismo vazio,
E que eu não julgue outros sentimentos e intenções
Usando formas que o meu caráter definiu,
Simplificando a diversidade de emoções
Numa tentativa de controle doentio.
Que eu não aceite todas as pressões sociais,
Mas que as julgue à luz das necessidades reais.
Que eu não use dogmas pra afirmar meu valor.
Que eu nunca deixe minha intuição se afogar
No mal do século: este egoísmo popular,
Que extermina a essência do se doar por amor.

(_Ederson Peka_)