
Tu tens o gosto do fruto maduro...
Tens o cheiro da primavera neste teu corpo de outono.
Tens o calor do sol, incendiando labaredas de amor...
És paixão quando te vestes de verão para viver...
Tu és ternura inocente inebriando a sensualidade impudica da entrega.
Te pronuncias e te delatas no beijo molhado e quente...
Tens a grife do pecado estampada no olhar de purezas feito...
És perdição e suavidade...pecado e castidade..
volúpia e mansidão, desejo e realização...
fortaleza e fragilidade...tudo num só instante!
És o final de uma estrada que começa,
sendo o início de um concerto que se acaba.
És o encontro das águas sobre o mar tão quente...
és o segredo relatado pelo ardor do inconsciente,
te despindo de prazeres e te fazendo contente...
És a comodidade estabelecida entre a sofreguidão da lascívia
e a ternura da flor que desabrocha para o amor...
Assim sendo,
tu te tornas encanto, debruçada no acalento morno
da alma submissa ao êxtase do reencontro.
Te tornas deusa, quando acariciada por anjos meninos
ou enlaçada pela devassidão do demonio...
Tu te tornas a incompreensão do bem, quando
por declínio da paixão, tu és a verdade expressa do mal..
Flor no outono...fruto na primavera...
Frio noturno vagando entre o verão da inconstância,
e o inverno da realidade...
Incompreensão de vida e exuberancia de morte...
Vagas livre, sendo tua própria carcereira na prisão de tua solidão...
Segues teu destino...Te ampares no raio da lua,
e te projetes cantando, sorrindo ou chorando,
pela luz do sol que, soberano irradia calor
pelo teu corpo nu e cansado de apenas surfar
pelo vale encantado da perdição dos teus sentidos...
................13/10/93...........